GeneXus, Manufatura Enxuta e Jidoka
Por David Giordano, I + D na De Larrobla & Asociados.
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No meu artigo anterior comentei, a modo de introdução, algo sobre a minha experiência com a filosofia da Lean Manufacturing (Manufatura Enxuta).
Continuando com o assunto, gostaria de apresentar a filosofia Jidoka e as ferramentas implementadas sob esta filosofia, que atua principalmente no processo de Release dos produtos desenvolvidos com o GeneXus na empresa onde trabalho (De Larrobla & Asociados e seu produto Bantotal).
Jidoka é um te
rmo japonês que significa "Automação", e em certos lugares, está relacionado com o conceito de "Verificação de processo".
Em geral, Jidoka, num processo de produção, refere-se à verificação da qualidade integrada ao processo.
A filosofia Jidoka estabelece quais são os parâmetros de qualidade no processo de produção. Estes parâmetros se comparam contra os resultados obtidos do processo.
Caso não seja cumprido determinado padrão, o processo é interrompido para não permitir resultados de baixa qualidade. No momento em que a cadeia se detém, reporta-se o incidente e o processo não é restabelecido até não corrigir o problema na linha de produção.
Jidoka se aplica também quando um membro da equipe depara com um problema em sua estação de trabalho, o que possibilita interromper a linha de produção para não propalar os problemas.
Os membros da equipe são responsáveis por corrigir o problema o antes possível, minimizando assim os tempos de suspensão da linha de trabalho.
Uma nova forma de trabalho
Implementar uma ferramenta Jidoka acarretou uma mudança na forma de trabalho diário.
Trocaram-se as tarefas rotineiras (e com alto custo em horas homem) por um trabalho proativo, em prol de resolver os problemas na hora em que eles se apresentam.
Jidoka não funcionaria simplesmente com o fato de detectar anomalias e deter a linha de produção. O trabalho forte do Jidoka reside em corrigir a irregularidade e pesquisar a causa raiz para sua eliminação definitiva.
O problema e o erro não devem acontecer novamente, desta forma instaura-se um ciclo de melhoria contínua.
Uma boa execução no Jidoka
Portanto, os passos essenciais para definir uma boa execução do Jidoka são:
• Detectar a anomalia
• Parar
• Consertar ou corrigir a condição anormal
• Pesquisar a causa raiz
• Instalar as contramedidas
Os primeiros dois pontos são automatizáveis; entretanto, os outros pontos são totalmente do domínio das pessoas, requerem de um diagnóstico e de uma análise, assim como de uma resolução do problema.
É por isso que Jidoka também é denominado "Automação com um toque humano", a automação não seria possível sem o esforço das pessoas por melhorar e evoluir o conhecimento em suas ferramentas.
A ferramenta baseada no Jidoka
Na minha matéria anterior, comentei sobre meu cliente "vedete", o "setor de fontes" (Encarregado da integração, build e distribuição dos produtos de trabalho do ciclo de desenvolvimento com o GeneXus).
Com base nos "padrões" e critérios definidos, implementou-se uma ferramenta para automatizar o processo (denominada internamente como Quirón).
Criaram-se ainda ferramentas que permitem deter o processo, bem como ferramentas que ajudam na detecção do problema e seu possível diagnóstico.
Nunca tinha trabalhado num projeto de tal magnitude, não só era necessário automatizar a linha de processo, também se requeriam ferramentas que ajudassem no diagnóstico dos problemas.
A grande maioria das ferramentas implementadas são utilizadas na linha de processo automatizada (orquestradas pelo Quirón); depois, muitas delas são reutilizadas para realizar tarefas de prevenção, manutenção, correção e diagnóstico.
Quando tudo funciona corretamente, os produtos de trabalho são entregues sem problemas, quando se detecta um erro, o pessoal trabalha em solucionar o dano o antes possível. Caso seja necessário interromper a linha de trabalho, conta-se com as ferramentas para fazê-lo (Cumprindo com a filosofia).
O melhor do método de trabalho e ter conseguido automatizar o processo, é que atualmente por mais que o setor esteja trabalhando em solucionar um problema numa das linhas, as demais linhas de trabalho seguirão funcionando sem problema. Atualmente é possível se processar até 10 linhas de trabalho de forma simultânea, as 24 horas do dia, os 365 dias do ano.
O automatismo todo está realizando tarefas que anteriormente eram impossíveis de ser realizadas pelo setor; e o melhor de tudo é que 100% das tarefas especificadas se executa sem que ninguém do setor tenha que "suar uma gota" por ter que processar tanto trabalho.
É um trabalho de "Tudo ou nada". Se o produto de trabalho não atravessa por um dos passos do processo, será considerado o passo desse processo como mal sucedido, portanto "pular passos" ou definir exceções não é válido no processo.
Cada atividade traçada tem um propósito, pular uma delas gera um problema a longo prazo, portanto, sempre procuramos que nossos produtos cumpram com todas as exigências necessárias.
Atualmente executamos em forma automática o processo de Release com suporte de mais de 4 plataformas em simultâneo, cada programa deve cumprir os padrões definidos para cada uma delas, portanto, um programa é aprovado quando consegue passar as vistorias, ser gerado, compilado e distribuído para cada uma delas.
Para finalizar, deixo a vocês uma referência sobre o Jidoka proporcionada pelo próprio pessoal da Toyota: http://www2.toyota.co.jp/en/vision/production_system/jidoka.html
Também deixo as informações sobre a história dos teares automáticos http://www.yoshida-mc.co.jp/history/loom.htm onde poderão observar a evolução pela qual o desenvolvimento de software também está incursionando.
No próximo artigo continuarei mencionando filosofias e ferramentas relacionadas com a Manufatura Enxuta aplicadas no projeto Quirón (e em futuros artigos espero poder apresentar um pouco mais acerca de futuros projetos e suas filosofias / metodologias utilizadas).
*Publicado pelo David Giordano em Moving Forward, Opening New Doors
